quarta-feira, 22 de junho de 2011

INSATISFEITA


INSATISFEITA
(Helena Verdugo Afonso)

Enfim, posso morrer! Já te beijei
a linda boca perfumada e quente,
num beijo longo, divinal, fremente,
um beijo aonde toda me entreguei..

Não me conheço agora. Já nem sei
se fiz bem, se fiz mal. Minha alma ardente
sofria por um bem que tinha ausente,
e morro na ventura em que fiquei...

É assim, o meu amor: eu, que vivera,
na crença de esperança já perdida,
tenho de ti o bem que apetecera!

Por esse beijo, vivo tão dorida,
que, para ser feliz, antes valera
ficar a desejá-lo toda a vida!. . .

ANSEIO


ANSEIO
(Helena Verdugo Afonso)

 Amor, vivo tão só, nesta tristeza,
onde minh'alma se desfaz em pranto,
longe do teu olhar cheio de encanto,
em que fiquei eternamente presa.

Tão longe ando de ti, numa incerteza
de ter-te, minha vida! E entretanto,
vai crescendo este amor, mas tanto e tanto,
em místico fervor como quem reza! . . .

Ando faminta, cheia de desejo
dessas carícias tão de mim ausentes,
que me enlouquecem, e que em ti prevejo...

E morro na paixão que mal pressentes,
e perdem-se pelo ar cheios de pejo
os beijos que te dou e tu não sentes...